Por Mariana Baltar
Nos últimos encontros temos nos dedicado à refletir sobre as tensões entre uma tradição realista e as matrizes do excesso. tensões de ordem narrativa, mas também de ordem de legitimidade na escala de valores e autorizações sócio-históricas da modernidade. E novamente, é Peter Brooks quem nos ajuda nesse caminho a ser trilhado. Engraçado (aliás, sintomático) que o mesmo autor que inspirou configurar categorias para enxergar o excesso no emaranhado da imaginação melodramática, se mostra como um instigante o caminho inicial para começar a dar conta desse vasto e impreciso mundo do realismo. Ou, como ele mesmo diz, da visão realista (seu livro tem como título Realist Vision).
Uma pista (que em minha tese de doutorado – Realidade Lacrimosa – já perseguia): as visões/imaginações realistas e melodramáticas não são tão polarizadas assim e ambas são formadoras do projeto de modernidade. e não é acaso que um mesmo elemento – com funções e procedimentos por vezes distintos – seja a marca narrativas destas duas imaginações: a descrição.
Perguntas que saltam: que distingue a descrição excessiva da descrição realista? Que vínculos – tão atávicos – se tecem entre a descrição como procedimento narrativo e centralidade da visualidade no projeto de modernidade (o tal Frenesi do Visível como nomeia Linda Williams)? Que relações se estabelecem entre a descrição e os procedimentos de simbolização? Como a descrição se comporta em narrativas tecidas em imagens e sons?
As perguntas crescem… e as pistas de respostas (ou mais problemas) parecem estar em Barthes (efeito de real e discurso da história), ainda no Brooks e … (complete os espaços…).