Nex em publicações

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Resultado da combinação das pesquisas de Mariana Baltar e Adil Lepri, o artigo Gestões sensacionalistas: as atrações e o audiovisual no YouTube acaba de ser publicado na Revista Matrizes, Vol 13 No 1.
O artigo argumenta por uma aproximação entre a espectatorialidade e estética do
audiovisual na web e a experiência do cinema de atrações. A partir da análise de um
caso em particular, mas que parece sintomático, pretendemos demonstrar como a
retórica encontrada em boa parte dos audiovisuais do YouTube faz uso intenso do
endereçamento direto ao espectador, da força performática da imagem e do corpo em
movimento para a câmera e da lógica do excesso que marca o sensacionalismo, através
de uma espectatorialidade participativa, fragmentária e errante. Essas características
revelam permanências do regime de atrações nesses audiovisuais, bem como a força
política de uma gestão moral a partir das estratégias sensacionalistas

 

O excesso é de todos!

Por Bruno Roger

O cinema clássico narrativo, estruturalmente, utiliza uma força unificadora em sua narrativa. A realidade é apresentada por uma montagem clássica, continuidade entre os eventos e o sistema de causa e consequência. Contudo, outra lógica também está presente na modernidade – a fora do padrão, que provoca estranhamento e não se encaixa num modelo de contenção. Essa é a lógica do excesso.
Será que esses dois posicionamentos distintos dialogam entre si? Ou melhor, nenhum desses esquemas narrativos caminham separados? No NEX pensamos que não, eles não caminham separados e que sim, eles dialogam. O que seria do cinema hollywoodiano clássico sem a presença dos elementos do melodrama e do horror?
A confusão começa quando Kristin Thompson no texto “The concept of Cinematic Excess” aponta que o excesso se opõem radicalmente ao cinema clássico. Em sua leitura, aproxima o conceito de sentido obtuso de Barthes com o excesso. Entenda-se por sentido obtuso o que se mostra sem função na narrativa – não pertence a lógica estrutural da narrativa.
O grupo do NEX ao ler o pensamento de Kristin, um tanto quanto equivocado, entrou num conflito. Ora, sabemos que o excesso está inserido sim na estrutura narrativa. Sua função é presente e visível. Retornamos a Linda Williams que esclarece a constituição do excesso em duas vias: a do êxtase e a do espetáculo. O êxtase proporciona revelar o estilo de vida contido e promover o estranhamento que isso causa. Já o espetáculo, mais próximo de uma lógica moralizante, pode exibir em sua narrativa imagens estruturadas no aparato sensório-sentimental, assim, capaz de engajar afetivamente o espectador, em consequência, obter uma eficácia moral.
Com isso, percebemos que o excesso não está a parte dos mecanismos da indústria cultural. Ou seja, apenas em filmes não transparentes – os quais evidenciam seus dispositivos e jogam com essas possibilidades – se apropriam do excesso como diz K. Thompson. No corpo da narrativa clássica também convive o excesso. E essa narrativa torna a ação moralizante concreta e com significado.

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